A cidade em preto e branco
São Paulo é tão absurda que estratifica até mesmo suas torcidas.Um sãopaulino pode até viver na periferia, mas a empáfia da elite que comanda seu time contamina seus sócios dos grotões.
O palmeirense ultrapassa os limites da gigantesca colônia italiana, sem nunca deixar de desfraldar o orgulho pela distante reunificação peninsular, que de fato é anterior à chegada daqueles que cantarolam nosso sotaque.
No cume ou no fosso, o Corinthians é a massa agregada e desamparada, que sobrevive de esperança. De branco e de preto, eles não sucumbiram à queda e deram de tomar conta da cidade, ao ponto de encobrirem qualquer outra massa.
É extraordinária a movimentação, sobretudo em ruas e trens lotados. Em qualquer lugar um sobe a voz para gritar pelo time.
Um movimento tão impressionante que parece trazer de volta todo aquele clima que antecedeu à final de 1977. As bandeiras estão pelas lajes, pelos carros, cobrindo ombros. No supermercado, parece que o dia de compras foi reservado aos alvinegros.
O preto e o branco tingiram a cidade.
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