Love me two times
"Oh my loverDon't you know it's alright?
You can love her
You can love me
at the same time"
PJ Harvey, em "Oh my Lover" (1991)
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Ela quis dividir o homem para não perdê-lo. E dá-lhe comparações com as mulheres de enredos dramáticos, porque a cada passo a gente entende que o desespero feminino está restrito à novela das oito _mas, bem, ele sempre existiu, antes, durante e continuará depois de Manoel Carlos.
Mas não há o que entender. O amor de verdade, já diria Raul Seixas na década de 70, vai além da posse (e, bem, para que posse se o que importa é o amor?): ele reside no sentimento, na vontade de ter alguém do lado, de dizer que se ama. E pode se amar duas, três, quatro vezes ao mesmo tempo, não é pecado, pode amar, deixa a Polly Jean falar, cantar, espreguiçar.
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Bem, isso era sobre "Oh my Lover". Agora é sobre as "Peel Sessions" que chegam às lojas em breve, compilando o melhor de Polly desde as primeiras gravações, de 1991, até as últimas, em 2004, ano da morte do radialista John Peel, o maior da história (aqui está o texto que escrevi no dia de sua morte). "The Peel Sessions - 1991/2004" é um achado, por ser ao vivo sem público, por despertar a emoção de quem apenas começa ou está no auge do sucesso (como as faixas que foram gravadas em 1996, um ano depois de "To Bring You My Love"). Por quem, ao lado de quem gosta, exprime o melhor e sabe valorizar cada passo na carreira. Este disco, pode-se dizer, vale tanto pelo que está lá gravado quanto pelas palavras do encarte, com uma PJ Harvey quase envergonhada expressando o amor que sentia pelo radialista britânico, principal nome da BBC.
Assim como ela, todos nós podíamos o amar ao mesmo tempo. Que síntese, essa.
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