Sunday, November 05, 2006

Ai minhas costas

Dura cerca de duas horas cada CD de cada série de cada temporada do Seinfeld. Meu sofá é desconfortável, logo gasto esses 120 minutos jogado no chão, sobre uma almofada com cara de sofá, e vice-versa. Isso dói as costas, e às vezes dói minha barriga de tanto rir. Porque eles são losers, cara, losers como eu e todo reincidente no amor destes anos 00, embora eles, os quatro do seriado _não tô contando o Newman_, sejam da década de 90, a década passada, a década do eu-nada-lírico, da embromação perfomática do eu sozinho, da embromação nada-social. Nada, nada, nada, nada (se bem que esse recurso era bem anos 80, como diria os cariocas da Blitz).
Bom, mas eles não amam, eles se dão mal. Eles não sabem o que é o amor, sabem o que é a paquera, mas nada avança além do quinto encontro, do primeiro, do segundo mês. Isso é igual muita gente, Seinfeld é igual muita gente. A gente brinca, tentando ser irônico sem ver a dor passar. Tá, pode brincar. Para os nossos anos, antidepressivos. Só eles são bons; a gente, não.
E olha que a ironia é a arma dos inteligentes, mas, olha que inteligente, o Raul Seixas dizia que só era feliz quem não pensava, mas acho que eu penso, sim, e logo não sou feliz. Mas eu amo, por uma semana ou duas, como um personagem do Seinfeld, mas eu amo. Aliás, o único que ama lá naquele meio é quem não tem a menor pinta de amar, o Kramer. Mas ele ama por não ter a menor pinta de amar e parece ser o mais feliz do quarteto. Por que? Por não pensar, ele vai lá e faz, pinta alguma e faz, ele tem idéias e põe em prática, dá errado mas ele não pensa em nada.
Quem disse que pensar é coisa para inteligentes? Eu, heim.

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